sábado, 10 de janeiro de 2009


— Faz tanto tempo que a gente não se fala... Você desistiu de mim?
— Desistir?! Eu? Lembra que falei sobre isso com você?
— Quando?! Hoje?!
— Não... um tempo já.
— É... Faz uma cara que você não aparece...
— É que não sou mulher que fica enchendo, entende? [e sorriu, dissimulada]
— Você nunca enche, minha querida! [ele também sorriu, não dissimulado, riso franco, de menino. Ela se comoveu. Apesar da meia idade (ou talvez por causa dela), ainda se deixava comover com as coisas findas, muito mais que lindas]
— Eu me esforço! [e ela se riu, e ele também riu dela. A falsa modéstia lhe caía bem, 'inda mais nesses momentos de leve torpor]

-

Gaby andava tão ocupada com atividades alheias a ela mesma que quase não se dava conta do seu interesse por João. Mas quando ele aparecia, mesmo calado, era incômodo na certa! Ela se esquecia do que tinha por fazer e do que estava a fazer. Quando as palavras se faziam presentes, então, Gaby se deixava aos poucos revelar. Era um jogo que gostava de jogar. Embora não soubesse exatamente (?) onde aquilo iria parar (e nem se iria parar). João sabia muito bem o que dizer para que os sentimentos daquela jovem ficassem à flor da pele [assim como os seus, quando aos poucos descobria segredos de sua querida].

Era um jogo realmente embolado! Principalmente para Gaby, que parecia amarrada à razão.
Mas eles estavam a fim de jogar. "E por ora, é isso que me interessa" - pensaram quase que simultaneamente.

4 comentários:

Fernanda disse...

adoro teus textos...
vc escreve de um jeito que nos faz imaginar toda a cena da historia=)

Aline Netto disse...

Beta! Tem um presentinho para você no meu blog!
E sempre vc me deixa emocionada com seus textos, viu!
Beijos

Anônimo disse...

O não dito dura muito mais que o dito. Por isso o diálogo, fundamentado em sábias reflexões - poéticos parênteses - deu tão certo, ficou tão bonito. Abraços,

Thiago disse...

que comece o jogo então...

Beta, uns sorrisos aqui pra ti!